Espero que cheguem e que doam. Porque embora tu aches que não existem, elas existem. E eventualmente, acabam por chegar. Espero que te mordam e te acordem durante a noite. Espero que essa revolta interior se torne frustrante e insuportável ao ponto de não conseguires mais escondê-la e acabares por ceder. Depois, vais sentir-te inútil, incapacitado e sozinho. Vais dar por ti a olhar para o nada e a sentir tudo. Vais sentir falta, sem saberes do quê e é aí que as coisas se vão complicar. Vais começar a pensar demais. Vais começar a ver coisas que deixaram de fazer parte da tua rotina habitual. Vais sentir falta disso e aí, vais entender a verdadeira definição do que são as memórias e as saudades. Vais sentir falta do perfume escondido nas covas das mãos. Falta dos lábios com sabor a morango. E a gomas. Vais sentir falta dos abraços demorados e das discussões frequentes. Até disso. Vais dar por ti a pôr as mãos nos bolsos à espera de encontrar um dos papelinhos que diziam ‘gosto muito de ti’ . Vais passar por uma rua e vais achar que ouviste um riso histérico que costumavas conhecer e quando olhares para atrás vais ver que estás sozinho, que está escuro e que a Lua já não brilha no céu. Ou então, tu é que não a vês. Vais chegar ao final do dia e sentir falta de qualquer coisa. Vais passar noites em branco sem saberes porquê. Ou então, vais saber mas vais fingir que não. Vais passar mal e vais perceber que às vezes é necessário pensar como gente grande. Falar como gente grande e sentir como gente grande. Às vezes é preciso deixarmo-nos de brincadeiras e valorizarmos algo mais do que o nosso orgulho, alguém. E sabes do que é que te vais esquecer? Vais te esquecer que erraste e vais achar que tens de ser perdoado. Vais utilizar a desculpa que toda a gente usa: que ’errar é humano’ esquecendo-te que erraste sempre no mesmo assunto. Depois, vais dizer que toda a gente merece uma 2º oportunidade e mais uma vez vais esquecer-te que esgotaste todas as tuas oportunidades. Vais achar que o mundo é que está errado. E aí, vais querer falar com ela. Vais cruzar-te na escola com ela e vais fixar-te apenas no seu sorriso. Vais reparar que o seu sorriso é perfeito e que brilha como no primeiro dia em que a levaste a casa. Vais olhá-la e ela nem te vai ver. Vai estar toda a gente a olhar para ti menos ela. E aí, vais perceber o porquê do céu escuro. Vais perceber que a única pessoa que brilhava por ti e para ti, passou a brilhar por ela.
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