01:33#

E hoje podia prolongar-me tanto, que tu não fazes ideia. Podia agarrar na caneta e rabiscar um caderno inteiro, ou então abrir o bloco de notas, e olha, era o que saísse. E tudo, porque tenho andado demasiado calada, com o coração mudo sabes. Eu podia mesmo, só que olha, eu sei que não vale a pena. E não vale, porque tenho a alma calma. Oh se tenho. E é só isso que importa, agora. A alma calma e o coração mudo. Eu podia até prolongar-me, só que não seria sobre ti, e se por acaso fosse, isso só faria com que a minha alma se baralhasse. E não quero nada disso. Porque olha, está tão calma. Hoje até foi passear para longe sem pensar em horas de regresso. Ou em almas tristes. E sei que compreendes a indirecta. Ela apenas pensou em si. E é isso que se quer. Ultimamente é só isso que sabe fazer. Pensar em si, ou então em coisas boas. Como uma chávena quente de café. Ou no facto de não ter saudades. Porque sempre destestou senti-las. Ou então, sendo mais precisa, no facto de não sentir a tua alma, junto dela. E eu podia prolongar-me, sim podia, talvés sobre o que a tua alma já não dá à minha, ou do que a minha já não sente falta, vindo da tua. Eu podia prolongar-me, sim podia, mas a minha alma já não quer. Vai dormir, ah.. calma e de coração mudo.
E o chá inglês quente voltou. Ele e tu. Confesso que já tinha saudades tuas, minha doce chuva. De ti, e de tudo o que trazes contigo. As botas com lama e os caracóis a pingar. O nariz vermelho e as luzes que gritam no céu. O frio que faz voar chapéus de chuva e as poças que piso. Oh, se tinha. Mas olha, estou a sussurrar para que a minha alma não me oiça, porque tu sabes.. ela não gosta nada de ter saudades. Sempre me disse que sentir era como dar a nossa força a mão alheia, quase como mandá-la fora. E olha, ela tem a sua razão, e só por isso é que eu até gosto que ela me queira forte. Ela tem feito muito por isso e tu só a vieste ajudar mais ainda. Sempre te compararam muito a ela e não sei bem porquê. Uma vez, disseram-me: '-gosto do encanto da tua alma. é misteriosa. é como um dia chuvoso de inverno,sabias? ás vezes escura, mas não deixa de ser bonita. parece sempre muito fria e forte, mas o que ninguém sabe, é que nem todos os dias é assim, uma mistura de tons escuros com silêncio. ás vezes ela dói, não é? e faz barulho.' Sabes, a minha alma nunca mais se esquecera de tais palavras. Acho até que essas mesmas só fizeram com que a adoração por ti se tornasse maior. Talves por serem mesmo parecidas. O certo é que a minha alminha está feliz por estares de volta, e eu também. É quase como se recebesse o dobro da força, sabes? e oh, é tão bom ter os meus dias de chuva de volta.
Agora vou ver se a minha alma descansa. Deixo-te um beijinho fresco junto à caneca de chá inglês, já vazia.
E aquele amor deixou de o ser, de corpo. Porque de alma, vai deixando. Perdeu a sua forma nos lençóis cor de terra, quentes ao fim do dia. Deixou de dar uso ao copo de wisky em cima da mesa e de perfumar as ruas com o perfume daquele frasco fino com uma rosa desenhada. Deixou de se levantar cedo para receber beijinhos na testa e voltar a deitar-se, acompanhado. Aquele amor deixou de o ser para aquelas duas almas loucas. Aos poucos. Deixou de ser imprevisível e selvagem para passar a ser doloroso. Mais do que o costume. Mais do que todas as discussões começadas e acabadas aconchegadas. Nos braços um do outro, quando assim era. Ou então numa garrafa de cerveja ao fim da tarde e um cigarro apenas porque sim. Até isso aquele amor deixou de ser. Deixou de ser do cão e do gato. Esses, perderam a energia que lhes corria no sangue, todos os dias. O toca e foge. Odeia e ama. A adrenalina de terem a pele um do outro debaixo das unhas. O sabor a morango nos lábios. Os sorrisos rasgados. A camisa por apertar. A cabeça sobre o peito e a loucura no olhar. Aquele amor deixou de fumar do mesmo cigarro e de ser do tamanho da Lua. Deixou de andar à chuva e de dançar bons hits de rock. Aquele amor que era como a we found love da rihanna, literalmente. Que deixou de ser sweet child o'mine com um beijo na boca e duas almas de mão dada. Para ser don't cry com uma chávena de café na mão e duas almas que já não são. Um amor que já não é. Deixou de ser.

21:42#

E anda tudo tão agitado. Tudo e todos. Inclusive tu, para comigo, e eu para com o mundo. Vê lá que hoje obriguei a minha alma a sentar-se comigo sobre a pedra e a fechar os olhos, enquanto eu me deliciava com um cigarro preto. De chocolate, por sinal. Não conversámos sobre o tempo. Nem sobre o nº de noites que se passaram desde a última vez que estivemos sentadas a olhar para a mesma Lua, se é que me entendes. Não falámos pelo simples facto de que se o fizessemos, acabariamos a falar de ti. E eu perdi a vontade para tal. Ou melhor, tens ma roubado, de dia para dia. Assim como tens feito com a minha paciência e com a minha paz de espírito. E olhe lá que sempre fui uma pessoa bastante calma,até ao dia. Até hoje.Tens me levado um pouco de tudo, como se de pouco se tratasse. Como se não se tratasse de um pouco de um tudo, meu, sabes? E eu, estou aqui com meias palavras a tentar escrever só metade para ti, sem que se perceba. Com um pouco de olhar desiludido. -e sabes porquê que ele o faz? porquê que te trata como se tivesse todas as pedras na mão e te fala como se fosse um dia de inverno, tão frio e escuro? porque ele só quer que tenhas motivos para o odiares, ou para não o amares, mais. só que olha, nada disto faz sentido para a minha alma, e sabes porquê? falta-me a paciência e a paz de espírito. Acho que já disse mas.. anda tudo tão agitado. Tu comigo e eu com o mundo.

23:46#

Já disse que não tenho forças para expulsar todo este sal na sua forma mais liquida possível? pois é verdade. Assim como a chuva que o telejornal anuncia, mas que ainda não se vê, não se ouve e não se sente. Secalhar tem apenas medo de aparecer. Não tenho forças para me sentir, nem no melhor nem no meu pior estado. Assim como não tenho forças para falar de ti. E olha, é tudo isto que alivia um pouco desta dor. Que não tem força, não se vê, não se ouve e não se sente, sentindo-se.

adeus.

E aqui estou, para te dar a despedida que tanto as nossas almas merecem. Com a força que vou tendo, as lágrimas que não correm e o amor que ainda não se foi. Hoje, as nossas almas disseram tudo o que havia para dizer. Largaram as mãos e o nosso amor voou com o vento que não se sentiu. Quer dizer, na verdade eu larguei o nosso amor, porque as nossas mãos já há muito que não estão juntas. Assim como as nossas almas. Já há muito que elas não estão bem, mesmo que ainda sejam uma da outra, já não sabem cuidar-se. E isso dói. Dói muito. Hoje as nossas almas doem por um amor que voou e já não volta. Hoje a minha alma quer chorar um choro que dói tanto, sem ter força para tal. Vê-la que hoje até o meu orgulho fez silêncio para ouvir a minha pequena alminha falar com a tua, para que nada ficasse por dizer, não é estranho? mas assim foi. Gastámos as palavras. Gastámos o tempo que já não temos. Gastámos tudo o que havia para gastar com este amor. E olha, deixa-me dar-te um último recado.. o nosso amor foi lançado ao ar e não caiu, mas também não vai voltar. Porque hoje, as nossas almas disseram adeus.
ps: Desculpem a minha ausência daqui mas não tenho estado com cabeça para isto.
São horas de ir para a cama e o meu corpo está como que a pedir para te deixar aqui uma pequena lembrança de como não se esqueceu de ti. Ou de como eu não me esqueci. E olha, vim fazê-lo, por ele. Não quero demorar-me, porque tenho a caneca de café a arrefecer, e bem, sabes que gosto dele muito quente. À coisa de meia-hora estava eu a vaguear por ruelas familiares quando a Lua espreitou por entre os dois prédio. Levantei a minha mão e com o polegar dei-lhe uma festinha. Como faço sempre. Lembrei-me de ti, sim. Outra vez, como sempre. Mas foram breves instantes. E olha, não doeu. E recordo-me de ela sorrir quando lhe disse -ainda não me esqueci. Depois foi a minha vez de sorrir. Devo dizer-te, sabendo que não me lês mas querendo matar um pouco mais deste amor, que hoje pulei muito. Sim pulei. Como as crianças pulam quando recebem doces. E é caso para dizeres que estou bem. Até eu digo, sem qualquer hesitação. E sabes do que me lembrei à instantes? que espero que hoje, a tua noite não seja em nada melhor do que a minha. Não querendo ser má, espero que dês muitas voltas na cama e te lembres das minhas bochechas vermelhas e do meu riso à parva. E por fim, que eles não te deixem dormir. Mas como disse, não querendo ser má. Apenas eu, de bem com a vida e comigo mesma, deixando-te aqui uma lembrança. Correndo para junto da caneca de café.

01:14

Acho que ainda não te disse que hoje o meu dia foi um bocadinho estranho. Sabias que acordei a horas decentes? Não muito cedo, nem muito tarde. Acordei de bom humor. Asério. Disse -bom dia ás pessoas devidas. E após o almoço, preparei uma playlist com as melhores 100 do yiruma e deliciei-me com elas,toda a tarde. Devorei também algumas páginas do livro que tenho de ler, para a escola. Li um capítulo inteiro, sem pausas. A não ser para alcançar, de vez enquando, a caneca de café, junto à cama. E olha, sempre com muita calma. É estranho não é? e olha, disseram-me que hoje iam chover estrelas e sabes o que fiz? não questionei nem gozei com tal afirmação. Asério. Peguei na mala e subi todos os degraus até alcançar as nossas telhas. Lá, estava frio mas não arredei pé. O céu estava escuro e a Lua veio fazer-me companhia. Senti-me portanto bem. Sabias que o meu polegar consegue ser do tamanho da Lua? consegue. E sabias que estive para perguntar por ti,à Lua? estive, mas deixa lá que não o fiz. Acabei por deitar-me sobre as telhas frias e após alguns minutos, avistei a primeira estrela. Seguiram-se outras tantas, mas dizem que não se deve contar as estrelas cadentes e eu, assim o fiz. Sabias que é uma sensação incrivel? espero que sim e espero que o teu céu também tenha tido a oportunidade de as receber, e os teus olhos de as avistar. E espero que te tenhas sentido tão estranho, como eu. Dizem que se deve pedir um desejo, por cada estrela. E eu pedi. Mas não te posso contar, como deves calcular. Olha.. já te disse que hoje foi um dia estranho?

18:46.#

E hoje não sei o que escrever. Não sei. E olha que podia bem sentar-me junto à cama com os joelhos frios do soalho e os olhos com um brilho forçado, perdida em textos só para ti. Olha que ainda são uns quantos. Nem todos fazem sentido, mas isso não importa. São sobre ti e podiam ter sido para ti. Podiam. E eu podia estar a ver as duas únicas fotografias que ainda restam nossas. Eu podia. Podia também estar sentada naqueles que costumavam ser os nossos degraus que continuam a ser muito frios, agarrada ao meu maço. Eu podia, mas olha, hoje não. Afinal eu era aquela sempre pronta para dar a volta por cima, nas piores situações. E sabes, tenho saudades disso. Tenho saudades minhas. Asério. E eu podia dizer que me apetece um pouquinho do teu perfume no meu cabelo, ou um -tenho saudades tuas, no telemóvel. Eu podia sim. Só que olha, hoje para além de ter muitas saudades tuas, tenho saudades minhas. E isso é que é novidade. Por isso, deixa-me ter 5 minutos meus. meus.

ela vai embora.

Eu sei o quanto a tua alma gosta de parecer sempre bem. Sei ver quando ela está mal e sei que ela se cala e finge que está tudo bem, sorrrindo. Sei que ela adora o verde e gosta muito do mar, também sei que tem umas cicatrizes no corpo devido a um acidente neste ultimo elemento, o mar mas mesmo assim não desiste do que gosta. Sei que ela chora, quando ninguém está a ver e que é muito boa a fingir. Sei que ela não vive sem música e é muito dona do seu nariz. Também sei que ela gosta de fazer mal aos outros, só para não lhe doer tanto a ela. E, sei ainda, que ela não sabe amar, não da melhor maneira e não gosta de dar o braço a torcer. E sabes como é que eu sei de tudo isto? a tua alma e a minha são tão parecidas, aliás são iguais. Sempre foram e logo na primeira conversa perceberam que tinham os mesmos traços. E é por isso que agora estão tão longe, uma da outra. Não aprendem a estar juntas. Não aprendem a ceder nem a desculpar. E não sabem o que é colocar o orgulho de parte. Sobretudo isso, porque se assim não fosse, as noites debaixo das telhas a ouvir a chuva, não teriam acabado e eu ainda estaria a fazer barulhos engraçados com as cordas vocais, de tão feliz estar. Tu ainda estarias sempre a revirar os olhos por causa das lentes e eu a pentear a tua estranha pôpa com os meus pequeninos dedos. Se não fosse isso, nós ainda estariamos a rir em frente ao espelho do elevador, de nós próprios, ou então em casa a comer morangos. Não era? Temos almas tão teimosas, bolas. E isto tudo para dizer, que o meu amor por ti não tem pernas nem cabeça. Nunca teve. Nunca vai ter, tanto que a minha alma vai embora. Mas olha, cuida de ti. Tenta.

00:29#

E tu, costumavas observar-me com esses grandes olhos verdes. Costumavas afastar-me os caracóis da face para me dares beijinhos na testa. Costumavas agarrar-me pela cintura e puxar-me para a tua beira. Fazias também questão de me perguntar sempre -no que é que estás a pensar? quando ficava um silêncio estranho. E eu, respondia sempre -não é nada. Não é verdade? Mas olha, hoje apetece-me tanto falar um bocadinho sobre esse nada. Sabias que era tudo? Era um fica comigo e um gosto tanto de ti. Era um dá-me um abraço e não me magoes. Era um não me deixes. Era um aprende a ler o meu silêncio meu amor. Mas tu não aprendeste. E olha, podia prolongar-me tanto com palavras só para ti, mas não quero magoar a minha alma que tem andado longe. Desculpa.
E agora sou eu que te observo com os meus grandes olhos cor de mel com o mesmo silêncio estranho. E assim quero aprender a amar-te menos e a amar-me mais. compreendes? mas não perguntes porque -não é nada.