Apetece-me tirar-te uma fotografia. E depois, colocá-la junta da cama. E depois, sorrir-te todas as noites. E depois, antes de dormir, dizer que te amo. E depois.. oh, esperar conseguir amar-te sempre menos. Porque isto custa. Isto. Porque não cuidámos bem do nosso amor, e ele agora vai fugindo, por entre os dedos. E nós.. não sabemos se o devemos agarrar ou não. Porque se eu o agarro, tu largas, e achas que já está protegido. Porque se tu o agarras, eu largo porque estou cansada, de o agarrar sempre, com muita força. Porque se o agarrarmos os dois, temos medo de lhe dar outra vez motivos para fugir. E oh, é sempre assim. E por ser sempre assim, eu quero tirar-te uma fotografia, a sorrir, para guardá-la na estante, ou então, colar na parede. Porque acho que nunca te disse, mas um dia gostava de ser uma grande fotógrafa. E quem sabe, a tua fotografia, seja uma das melhores. Quem sabe, consigam ler nela, o quanto o meu amor é grande. Oh.. este amor que sempre gostou de bater com as portas. E agora eu sei que não vais perceber, e secalhar não és o único. Mas é verdade, ele gosta de abrir e fechá-las. Ás vezes abre e não fecha. Ás vezes fecha, sem nunca ter aberto. É assim o nosso amor. Vai e vem. E oh, apetece-me tirar-te uma fotografia e deixá-la junto da cama, para que fique ali. Sem abrir nem fechar mais portas.
Li em qualquer lado que “sobre nós dois, ninguém vai saber de tudo”. E é verdade, meu amor. É tão verdade como a Lua todas as noites, à minha janela. Ou a caneca, sobre a mesa. E o teu amor, cravado debaixo da pele. É tão verdade. Ninguém vai saber de tudo, e isso, inclui-nos a nós, sabes. Nunca vamos saber de tudo, sobre este amor. Nunca vais saber o quanto ele por vezes dói, debaixo da pele, ou, o quanto ele gosta de sorrir, sozinho para o céu. E eu, nunca vou saber o impacto que ele tem, em ti. Ou para ti. Porque, por mais que ele possa ser grande, nós não temos a força necessária para cuidar dele, pelo menos, da melhor maneira. Porque da pior, nós conseguimos, sempre. Não temos força para amar, este amor. Ou então, não partilhamos mesma quantidade de força que é precisa. Sabes, metades iguais. Sobre nós ninguém vai saber de tudo, porque tu falas para dentro. E eu, deixei de ter voz.
E oh, espero que não te zangues mas os meus cilindros voltaram a fazer-me companhia. Eles cuidam de mim, sabes.

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De caneca quente, na mão. Cheia desse forte, amargo café. E, também, desse amor. Nas mãos gélidas dessa alma desconfiada, que, observa a Lua. Observa-a e sorri-lhe. Porque assim o faz, todas as noites. Porque assim lhe conta mais um bocadinho daquele amor, que enche a caneca. Aquele amor que a confunde e que ela ama em dias de chuva, como hoje, com muita força. Não é que não o ame todos os dias, mas os de chuva, são os de chuva. E fazem dela, menos forte. Mais apaixonada. E todas as noites, ela sorri à Lua e conta-lhe mais um bocadinho desse amor. Que ela não sabe explicar. E, do qual, ela tem medo, muito medo. Mas sorri sempre e diz que não. Porque oh, ouviu dizer que o amor não se explica.E tanto ela como ele, não o sabem explicar. Esse amor que todos os dias começa com um nome feio para se chamarem um ao outro, ele o idiota e ela a gorda. E acaba com um beijo entre dois sorrisos.

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Dás cabo de mim. De todas as maneira possíveis. E as não possíveis também. Quando dizemos que chega e vamos embora por estradas opostas. Quando sorrimos e magoamos a alma um do outro, sem saber mas querendo. Tu sabes. Quando vamos buscar discussões a problemas que não são nossos, só para embirrar. E no fim, quando tu viras costas e eu meto a língua de fora. Ou vice-versa. Ou então, depois, quando voltas. Quando decides voltar ao meu jardim para dizer que não acabou. Que não vai acabar porque o nosso amor não nos deixa. Que não vai acabar porque pertencemos um ao outro. Que isto e que aquilo. E assim, dás cabo de mim. Só mais uma vez, de mais vezes, não é? e tu dizes que não. E eu devia acreditar. Devia porque me dás beijinhos na testa e gostas de aninhar o teu nariz no meu pescoço. Ou porque a tua barba gosta de morder o meu cabelo. Ou então, porque chove sempre que estamos juntos. Secalhar eu devia. E tu dizes-me amo-te e a minha alma responde baixinho, eu também. E eu devia de acreditar.