
É uma espécie de bilhete, de despedida, que tu não vais ler. E é escrito com a alma pequena. Como os grãos com que é feito o café que está na chávena. É escrito acima de tudo, com muito amor. E muita força. E muito de mim, de ti e de nós. Mas, não é escrito com tudo, porque como já disse, nunca ninguém vai saber de tudo. Nem mesmo nós. E talvez um pouco por causa disso, hoje tento ir embora. Da forma mais silenciosa possível. Para que não doe tanto, ou para que não pareça que dói, na alma de cada um. Na alma que guarda uma história, com altos e baixos. E da qual não me arrependo, nem quero que penses tal coisa. Na alma que guarda o teu sorriso e as tuas esmeraldas. Guarda a tua voz para quando tiver saudades relembrá-la nas noites mais frias. Guarda o teu perfume, para quando passar numa rua mais movimentada e um perfume conhecido lhe passar pelas narinas, ela sorrir e lembrar-se de ti. Guarda os teus defeitos, para quando sentir saudades e lhe apetece chorar, ela sorrir por eles serem tão teus. Tão difíceis. Tão nossos. Tu sabes. Duas almas que eu espero que não caiam no esquecimento, uma da outra, porque escreveram uma história bonita e por acabar. Quem sabe um dia acabe bem. Quem sabe, fique mesmo por aqui. Duas almas que espero que um dia percebam que ás vezes, gostar não chega e que esse ás vezes, não acontece só aos outros e não é assim tão raro como parece. Duas almas que eu espero que percebam que ás vezes, gostar não chega, mesmo que se goste muito. Às vezes é preciso lutar. Às vezes é preciso ir se embora. Sem dizer adeus, sem despedidas. Sem esqueceres, que eu amo-te